Tudo começou com o algoritmo. Algoritmo é um texto escrito para ser entendido pelo ser humano ditando as regras que os programadores devem escrever em linguagem computacional para que o computador possa executar as regras formuladas da melhor forma possível. Programou direitinho, o computador faz exatamente aquilo que o algoritmo solicitou.
Os algoritmos das redes sociais são instruções computacionais que atribuem pesos (pontos) às nossas escolhas quando estamos nas redes sociais. Da mesma forma, atribuem pontos às postagens de todos os inseridos na rede social. Quando essas pontuações se combinam devem nos levar a uma melhor participação nessas mesmas redes.
Não são pessoas que inadvertidamente escolhem aquilo que queremos ver. São regras que são cumpridas nesses algoritmos que escolhem aquilo que nos é ofertado.
De início, os algoritmos de redes sociais simplesmente nos listavam todas as postagens dos demais perfis da rede com os quais tínhamos contato em ordem cronológica das mais recentes às mais antigas. Assim, sempre que entrávamos na rede, víamos o mais recente de cada perfil. Com o tempo, as postagens tomaram um volume muito alto e esse método inicial ficou simples demais para a rede social e cansativo para quem tinha interesse em algum tema específico. Desse momento, as redes passam a pontuar ações dos perfis para escolher aquilo que será entregue e aquilo que será deixado de lado. Viu, ponto. Demorou naquele post(significa que você está lendo o post), mais um ponto. Interagiu comentando, mais pontos.
Quando interagimos com uma postagem, damos ao algoritmo a pontuação de algo que nos interessa. Mesmo que a interação seja para reclamar, criticar, etc.
Acontece que aquilo que nos agrada nos deixa menos propensos à interação que aquilo que desagrada. E eis as bolhas de ódio que foram sendo fomentadas nas redes sociais. A distância entre os interlocutores dá uma segurança maior em ofender. O risco de um revide físico é menor. Desconhecer um perfil e responder em uma postagem dele nos dá mais segurança ainda que aquele perfil não poderá nos alcançar tão facilmente quanto um amigo da esquina.
Da mesma forma, algoritmos de coleta de dados de compras e desejos acompanham nossas interações em anúncios. Quantas vezes você pesquisou sobre lâminas de barbear e depois disso em todos os sites que você visita tem propaganda de lâminas? O computador aprendeu seu gosto e vai lhe dando opções? Não exatamente. Ele registrou aquilo com que você se deteve e passou a ofertar mais e mais do que lhe leve a ficar mais tempo envolvido com suas interações.
O refinamento do aprendizado de máquina levou algumas pessoas a usar o termo “inteligência artificial”. Na teoria, a inteligência artificial deve fazer com que o computador possa tomar decisões próprias com base no seu conhecimento para cumprir seus próprios desejos e não às regras determinadas pelos algoritmos. Se a regra for bem escrita e o algoritmo bem programado, algumas pessoas podem achar que o computador magicamente tomou decisões inteligentes com seus próprios desejos e não como cumprimento da regra.
Essa semana, o Google demitiu um engenheiro que declarou em entrevista a um blog que a inteligência artificial com a qual trabalhava tinha atingido consciência própria acreditando que era um ser como um humano.
A conversa entre o engenheiro e o computador realmente é bem interessante e dado que não estamos acostumados com respostas inteligentes nem mesmo no trato diário com humanos podemos acreditar realmente que existe um reconhecimento de existência filosófica da máquina.
Por outro lado, Miguel Nicolélis discorre durante 3h29m em um podcast no youtube e diz textualmente: “Não existem sistemas que podem criar algo de complexidade maior que eles mesmos … do ponto de vista matemático.”
De cima de minha ignorância sobre o aprofundamento dessas tecnologias, só posso torcer para que os algoritmos não nos prendam em bolhas de ódio e que as inteligências artificiais possam nos ajudar sem nos tomar a essência humana.
Por enquanto estamos distantes do momento em que o computador possa nos suplantar em humanidade. E isso já é muito bom.