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Especialistas recomendam declarar varíola símia como Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional

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Close up of a mature man taking a vaccine in his doctors office

caso de morte por varíola símia notificado em Minas Gerais e confirmado no dia 25 de outubro pelo Ministério da Saúde se soma aos sete anteriores e coloca o Brasil como o país com o maior número absoluto de mortes confirmadas pelo vírus monkeypox (MPX) nesta epidemia mundial. As dificuldades associadas à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento da população comoveram profissionais, que solicitam a declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin).

Um artigo publicado por pesquisadores de diversas regiões do Brasil no periódico The Lancet Regional Health – Americas[1] alerta para uma série de problemas enfrentados no país, como falta de vacinas e antivirais, demora para os exames, risco de falta de reagentes e escassez de locais para a testagem de amostras suspeitas. Além disso, a população não está sendo devidamente orientada e os profissionais de saúde não receberam treinamento efetivo para o reconhecimento correto e o isolamento precoce dos casos suspeitos. Neste cenário preocupante, os autores sugerem que o Decreto de Espin seja extremamente necessário para o enfrentamento da varíola símia no Brasil.

A iniciativa também foi defendida em um artigo assinado pela epidemiologista Dra. Ethel Maciel, Ph.D., e publicado no portal Poder 360. De acordo com a Dra. Ethel, a declaração de Espin facilitaria a contratação de serviços e pessoas com maior agilidade, ampliaria o acesso ao diagnóstico e aceleraria a compra de vacinas e medicamentos, mobilizando recursos do fundo emergencial para capacitar os profissionais de saúde e realizar campanhas de comunicação para a sociedade.

Não somente o Brasil, mas a América Latina como um todo, concentra o maior número de casos e óbitos por varíola símia confirmados no mundo. Isso ocorre devido à inequidade em atenção à saúde na região, destacou o Dr. Alexandre Naime Barbosa, médico infectologista e professor afiliado à Universidade Estadual Paulista (Unesp). O Dr. Alexandre está entre os autores de um artigo, também publicado no periódico The Lancet Regional Health – Americas[2] que aborda o impacto da varíola símia nos países latino-americanos.

“A América Latina como um todo historicamente apresenta um cenário extremamente complexo no que se refere ao enfrentamento de doenças infecciosas transmissíveis entre pessoas, sendo uma região do planeta onde a infecção pelo HIV, sífilis, tuberculose, hanseníase ainda apresentam altos índices de incidência e prevalência, e com a Monkeypox não é diferente”, lembrou o Dr. Alexandre.

Ele também destaca que grandes bolsões de pobreza estão distribuídos por toda a América Latina, incluindo o Brasil, e que justamente para essa população mais vulnerável a doenças infecciosas endêmicas ou emergentes há uma lacuna muito grande em termos de programas de atenção básica à saúde, que incluam prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado, o que é uma condição perfeita para a disseminação e ocorrência de casos graves de varíola símia.
Por Roxana Tabakman, MEDSCAPE