Início Política Artigos Qual a importância de se preocupar por política?

Qual a importância de se preocupar por política?

11

Achas importante se interessar por política? E, de entender pelo menos o básico sobre o assunto? … Confesso que relutei a começar a escrever sobre esse tema, afinal dizer que política é importante é chover no molhado.

Você já deve ter lido/ouvido que: o homem é um animal político.  (Aristóteles). É verdade que fazemos política a todo momento, afinal precisamos tomar decisões que afetam a coletividade a toda hora.

Muito provavelmente você também já ouviu a famosa frase de Arnold Toynbee: O maior castigo para aqueles que não se interessam por política é que serão governados pelos que se interessam.

German poet, playwright and theatre director Bertolt Brecht (1898 – 1956), circa 1955. (Photo by Hulton Archive/Getty Images)

Não se interessar por política significa deixar que outras pessoas, muitas vezes má intencionadas, tomem decisões por você; …  que continuemos a nos omitir da política. É tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem. (Bertold Brecht)

É muito provável que você já saiba que a política no Brasil (pelo menos a política institucional, aquela dos políticos engravatados) decepciona muito. A máquina pública, que deveria servir ao povo, é cooptada diariamente por interesses escusos, incompatíveis com o bem-estar da população. A maioria dos políticos brasileiros servem sobretudo aos seus financiadores, normalmente grandes empresas privadas, interessadas em expandir lucros e até agiotas. Sobra pouco tempo para os eleitores.

Com todo nosso conhecimento, por que não fazemos diferente? Por que não superamos a fase da indignação, letargia e passamos à prática?

A maioria de nós – eu incluso – não consegue traduzir seu descontentamento com o atual estado das coisas em ações práticas que mudem essa história de alguma forma. Aceitamos as coisas como são e ficamos anestesiados frente às inúmeras denúncias de corrupções e aos desmandos de nossos representantes.

O fato é que temos ainda uma democracia muito imatura no Brasil, com baixo envolvimento da população e uma frágil cultura política. Isso é atestado por estudo da Economist Intelligence Unit, que todos os anos elabora o Índice da Democracia. Em sua edição mais recente, o estudo coloca o Brasil como a 51ª democracia de melhor qualidade no mundo, em um grupo de 167 países. Estamos no grupo de “flawed democracies”  (democracias falhas, em tradução livre), de acordo com a classificação dos autores da pesquisa.

À nossa frente estão países desenvolvidos e de longa tradição democrática, mas também vizinhos nossos, como o Chile e o Uruguai, que assim como nós passaram por ditaduras brutais no século passado.

Para entender por que a passividade em relação à política é tão grande no Brasil, temos de investigar os motivos que levam as pessoas a adotar essa postura. Podemos entender o fenômeno de muitas formas.

Sentimento de impotência/descrença: as pessoas não acham que existem meios de agir na política e promover mudanças. Além disso, muitos não enxergam o potencial de transformação social que a política possui.

Desinteresse: há um desinteresse em se aprofundar em política, que se altera apenas em eventos de grande relevância nacional (vide Diretas Já! / impeachment).

Inação: o desinteresse de uns leva à inatividade de outros, que mesmo interessados em política, se veem perdidos e não sabem por onde começar. O que é preciso saber? Quanto preciso estudar? Que grupos/organizações/partidos devo frequentar?

Faltam exemplos concretos de ação política na vida da maioria das pessoas. O primeiro passo para mudar é entender: tudo precisa começar de algum lugar. Pode ser que a ideia de engajamento político remeta a coisas como se filiar a um partido ou associação, frequentar assembleias e reuniões, fazer protestos, discursar, bater boca, entre outras atividades pouco confortáveis.

Acreditamos que buscar informação e criar gosto pela política é aquele primeiro passo que falta para você, formar seus próprios pontos de vista e se tornar um cidadão mais consciente e engajado.

Em tempo:

Em 16 de agosto terá início a campanha eleitoral de 2022, com eleições em 1º. Turno – previstas para o dia 02 de outubro. Vamos eleger as Assembleias Legislativas de cada Federação, Câmara Federal, Senado Federal e Presidência da República. O resultado de uma eleição pode transformar para o bem ou para o mal, toda a sociedade.

A participação política de todos nós será determinante para melhorar a qualidade da nossa democracia e a forma como se faz política no nosso país. A  situação política, social e econômica do país, estará em jogo. Estás consciente, estás preparado? … Consegues perceber o quão és importante neste momento?

Síntese do artigo do Bacharel Bruno André Blume – Relações Internacionais (UFSC) – publicado 08.2016 no Portal Papo de homem.