Certa vez, um grande amigo do poeta Olavo Bilac queria muito vender um sítio que lhe dava muito trabalho e despesas. Dizia que era homem sem sorte, pois aquela propriedade lhe dava muitos prejuízos. Então, apelou ao poeta que fizesse o anuncio de venda do seu sítio, pois acreditava que a descrição do poeta facilitaria a venda do imóvel. Assim Olavo Bilac, que conhecia muito bem o sítio do amigo, redigiu o seguinte texto:
“Vende-se encantadora propriedade onde cantam os pássaros, ao amanhecer, no extenso arvoredo. É cortada por cristalinas e refrescantes águas de um ribeiro. A casa, banhada pelo sol nascente, oferece a sombra tranquila das tardes, na varanda.”
Tempos depois, o poeta encontrou o amigo e perguntou-lhe: vendestes o sítio?
“Nem pensei mais nisso!”, respondeu ele. “Quando li o anúncio que você escreveu, foi que percebi a maravilha que eu possuía.”
Algumas vezes, só conseguimos enxergar o que possuímos quando pegamos emprestados os olhos alheios.